Você se considera autorresponsável?

Em 2016 quando iniciei minha jornada pelo autoconhecimento comecei a buscar todo tipo de leitura, cursos, workshops, palestras, imersões e vivências que trouxessem mais ferramentas para que eu me conhecesse profundamente. Na verdade, sempre busquei isso através de terapias, mas se intensificou quando fiz a minha primeira formação em Coaching com o José Roberto Marques, um dos meus mentores. Ele usou uma frase na formação que me impactou muito: “Quanto mais eu me conheço, mais eu me curo e me potencializo”. E eu acredito verdadeiramente que só posso ajudar os outros na jornada do autoconhecimento se eu procurar primeiro me conhecer a fundo.

Entre essas leituras surgiu o livro do Paulo Vieira, O Poder da Autorresponsabilidade, lido há algum tempo. É um livro fácil de ler e agradável, mas que mostra algumas verdades difíceis de digerir. Sempre que nos autoavaliamos, com intenção de melhorar, deparamos com alguns fatos doloridos que durante um tempo escondemos debaixo do tapete. Por isso, sempre falo para meus clientes que não é tão simples essa jornada, é preciso coragem e realmente querer ver transformações positivas na sua vida. Mas, como meu outro mentor, Gerônimo Theml fala, antes de melhorar piora, e muito!

Segundo Paulo Vieira, a autorresponsabilidade está associada à nossa capacidade de responsabilizarmos a nós mesmos por tudo aquilo que acontece em nossas vidas. Aquilo que é positivo ou negativo, e o que nos influencia direta ou indiretamente. Hoje quero abordar meu aprendizado com as seis leis para a conquista da autorresponsabilidade lidas nesse livro. São elas:

1 – Se é para criticar, cale-se

Quando paramos de criticar, nosso foco passa a ser a solução e não o problema.

Antes de falar propriamente dessa lei quero comentar sobre outro tema muito relevante e que tem total congruência com essa lei. Estudando a autossabotagem conheci o Shirzad Chamine, autor do livro Inteligência Positiva e especialista no estudo dos sabotadores. Os sabotadores são os inimigos internos que existem em todas as culturas, faixas etárias e gêneros. Todos nós temos e utilizamos parte do nosso cérebro em forma de sabotagem. Desenvolvemos sabotadores desde a infância para nos defendermos das ameaças que percebemos, tanto fisicas quanto emocionais. Um dos nossos sabotadores, o universal e que alavanca todos os outros é o Crítico. Nessa jornada de autoconhecimento e de ajudar as pessoas a percorrerem esse caminho, percebi o quanto ele é forte em nossa mente, acha defeitos em nós mesmos, nos outros e nas circunstancias. Provoca a maior parte da nossa decepção, raiva, arrependimento, culpa, vergonha e ansiedade.

Quem nunca conheceu alguém que critica o tempo todo? Critica os outros: não tenho minha promoção por causa de fulano, ele me boicota. Critica as circunstâncias: ah, não consigo oportunidade de trabalho porque o governo é ruim. Critica a sim mesmo: eu falhei daquela vez e agora nada mais vai dar certo por causa disso. Esse sabotador traz muitos conflitos internos, afinal quem se critica o tempo todo, nunca acha que é bom o suficiente, e conflitos com os outros que se ressentem ao serem cirticados a todo instante.

A primeira lei da Autorresponsabilidade é, se é para criticar, cale-se. Procure ajudar as pessoas dando sugestões de melhoria, ajudando-as a enxergar um novo caminho e não simplesmente apontando o dedo. Procure ser menos cruel com você mesmo e com os outros, todos estão tentando acertar.

2 – Se é para reclamar, dê sugestão

Os vitoriosos não perdem tempo reclamando e focando o problema, focam a solução e as possibilidades.

Não sei você, mas já convivi com pessoas que reclamam de praticamente tudo. Reclamam do tempo, da família, dos amigos, do trabalho, do chefe, da esposa, do marido. Sempre arranjam motivos para reclamar. São aquelas pessoas que você tem até medo de perguntar se está tudo bem. Pessoas assim acabam afastando os outros. Reclamar nada mais é do que clamar novamente. Se você está reclamando de algo que está ruim em sua vida, o fato de ficar falando isso a todo momento, só traz para você mais da mesma situação. Fora que é uma perda de tempo e energia imensa.

Foque sua energia em buscar alternativas para o problema que está vivendo e evite reclamar, se policie mesmo. Quer uma ajuda? Tenha um guardião, durante um dia peça para alguém muito próximo a você anotar quantas vezes você reclamou e ao fim do dia mostrar suas anotações. Espero que não se surpreenda com o resultado!

Você convive com alguém assim? Converse, tente fazer com que a pessoa enxergue o quanto esse comportamento é limitador!

3 – Se é para buscar culpados, busque solução

Com toda a vivência que tive no mundo corporativo o que mais vi, infelizmente foram dedos apontados. Você deve conhecer alguém que sempre arruma um culpado. Não consegue se colocar na situação e enxergar sua parcela de responsabilidade. Nas empresas essa prática é motivo de muitos problemas e desgastes entre equipes. Quando se deparam com um problema, ao invés de se preocuparem com a solução, vira uma verdadeira caça às bruxas. Trabalhei em uma empresa onde errar não era permitido (o que já é um absurdo), então quando acontecia algum problema a primeira preocupação da gestão era castigar quem cometeu o erro. Fazia parte da cultura da empresa. Isso gerava uma angústia muito grande por parte da equipe. E muitas vezes, não havia um culpado, faltava orientação e clareza do que deveria ser feito.

Ao invés de buscar o culpado, resolva o problema e veja qual a melhor forma de evitar que aconteça de novo. Esse comportamento de buscar culpados a todo custo provoca insegurança na equipe em desempenhar seus papéis e muitas vezes falta de comprometimento com os resultados. A equipe se paralisa com o medo de errar. Converse, entenda o que aconteceu e busque novas formas de trabalho.

4 – Se é para se fazer de vítima, faça-se de vencedor

Ó vida, ó céus, ó azar.

Dentre os dez sabotadores relatados pelo Shirzad Chamine também temos a Vítima, que é aquele que com seu estilo emocional e temperamental tenta conquistar atenção e afeição. Tem foco extremo em sentimentos internos, principalmente os dolorosos e uma imensa tendencia para martir. Você já conviveu ou convive com alguém assim? Que tem mania de perseguição? Certa vez uma cliente comentou que em todos os seus trabalhos, sempre teve alguem puxando seu tapete e é por isso que ela não foi promovida e não alavancou sua carreira. Faz sentido essa justificativa? Será que é possível isso? Ou talvez seja interessante fazer uma análise de qual comportamento que ela possui que atrai sempre a mesma situação.

Quando temos autorresponsabilidade ser vitima ou fazer-se de vitima não faz parte do nosso comportamento. Vamos procurar identificar o que podemos melhorar em nós mesmos para não passarmos novamente pela mesma situação. Sempre somos nós os responsáveis, nós quem fazemos as escolhas de tudo o que acontece em nossas vidas. Ah…a falta de escolha não deixa de ser uma escolha.

5 – Se é para justificar seus erros, aprenda com eles

Quem é autorresponsável não fica justificando seus erros. Se você errou é porque agiu e tudo bem. Tire o aprendizado do erro para que não aconteça novamente, mas não fique se justificando. Tive oportunidade de trabalhar com uma pessoa em minha carreira corporativa que não conseguia admitir nenhum erro, se justificava e geralmente colocando a culpa em alguém.  Quantas vezes ficamos na defensiva quando erramos, sabemos que erramos, mas não queremos admitir porque isso seria um sinal de vulnerabilidade?

E quem disse que não podemos ser vulneráveis? Brené Brown dedicou a vida estudando a vergonha, a vulnerabilidade e a coragem das pessoas. Tudo o que queremos o tempo todo esconder por medo do julgamento alheio ou porque queremos parecer fortes. Se você não assistiu sua palestra no TED ou leu seu livro A Coragem de ser imperfeito, leia, garanto que vai tirar muitos aprendizados. Vou deixar abaixo o link para a palestra.

6 – Se é para julgar as pessoas, julgue apenas suas atitudes e comportamentos

Aqui vai um triste fato: somos julgadores. E se você acha que não, pare para pensar em situações que você passa no do dia a dia e com olhar crítico, chegue a sua conclusão.

Aqui acredito que caiba um pouco de empatia, palavrinha tão falada e que nem todos sabem seu real significado.

Empatia significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo. (extraído de https://www.significados.com.br/)

Julgamos a pessoa que está de cara fechada, nossa é uma antipática, mas não procuramos nos colocar no lugar dela e entender o motivo da cara séria. Julgamos o motorista que está correndo no trânsito, ultrapassando todo mundo, dirigindo loucamente, mas não paramos para pensar que ele pode estar levando alguém doente para o hospital. Julgamos tudo, julgamos todos. E necessariamente a pessoa não é aquilo, talvez ela esteja passando por um momento de muita dor, talvez ela esteja precisando de ajuda. Antes de julgar, tente se colocar no lugar da pessoa, ter o olhar dela para a situação. Seja justo e acima de tudo, corrija primeiro a você.

Nos colocarmos como protagonistas da nossa história e responsáveis pelas nossas escolhas e por tudo o que acontece decorrente delas, nos faz sermos autorresponsáveis. Somente assim podemos buscar uma vida de plenitude e prosperidade. Comece a mudança por você e tenha certeza de que tudo mudará ao seu redor.

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